Nos últimos dias aconteceu algo estranho, mas não um estranho mau, simplesmente um estranho inesperado. Eu não sei bem como explicar, mas de alguma forma uma série de minutos e mesmo horas conjugaram-se num todo alinhado que conseguiu mudar a minha perspectiva. Apercebi-me que por muito observadora que me ache há milhares de coisas que me passam ao lado, e outras tantas que eu faço para que me passem e talvez não devesse. Abriram-me as portas a uma realidade que até agora desconhecia, e que só muito recentemente me venho a aperceber. Uma realidade suja e cheia de falsas intenções, mascarada por sorrisos e cínicos abraços e apertos de mão. Uma realidade que nada tem a ver comigo, e da qual não posso lamentar não fazer parte. Pois até agora tenho vivido na ilusão, na ilusão de que somos todos um todo, e que para todos existimos. Mas felizmente o véu foi levantado, e agora a realidade crua e suja está finalmente ao alcance dos meus olhos. Não quero de todo fazer-me passar por superior a esta realidade e muito menos quero ferir suscetibilidades, mas um facto é que rejo a minha vida por princípios que aparentemente ela não mostra seguir. E desta forma, não me posso resignar aos seus caprichos. Não estou de forma alguma a condenar ou a negar a sua existência, principalmente porque partilho o princípio da 'segunda oportunidade' e da 'capacidade de mudança', mas estou sim a afirmar a minha relutância em aderir a este círculo de feras. E por agora, tudo o que posso fazer é aceitar cordialmente a co-existência desta realidade com a minha, e esperar que com o tempo algo mude e as torne compatíveis.
A minha perspectiva mudou nestes últimos dias. Apercebi-me novamente da capacidade que temos de sermos surpreendidos e desiludidos, de sermos cegos e ludibriados. E tive a agri-doce surpresa de me aperceber que, por vezes aqueles que menos esperamos que lá estejam são aqueles que mais perto estão (embora até nos possam parecer muito distantes); e que aqueles cuja presença se calhar nunca chegámos a questionar, nunca sequer lá estiveram. E tudo graças a este inesperado alinhamento de minutos, que proporcionou uma nova e refrescante visão do velho e quotidiano. Nem todos vão perceber este post, outros vão achar que percebem, mas ele é para ser entendido apenas por aqueles que partilharam os seus minutos comigo e cujas explicações dispensam. Resta-me agora agradecer, agradecer a todos aqueles que não se deixaram afastar pela distância imposta, as vezes até por mim, e que apesar de tudo estão lá. E claro, desculpem mais uma vez tudo o que me passou ao lado...
1 comentário:
Sim, foi uma boa (e necessária) convergência de momentos. A "providência", às vezes, actua de uma maneira engraçada.
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