terça-feira, 28 de abril de 2009

Dispensa explicações

Nos últimos dias aconteceu algo estranho, mas não um estranho mau, simplesmente um estranho inesperado. Eu não sei bem como explicar, mas de alguma forma uma série de minutos e mesmo horas conjugaram-se num todo alinhado que conseguiu mudar a minha perspectiva. Apercebi-me que por muito observadora que me ache há milhares de coisas que me passam ao lado, e outras tantas que eu faço para que me passem e talvez não devesse. Abriram-me as portas a uma realidade que até agora desconhecia, e que só muito recentemente me venho a aperceber. Uma realidade suja e cheia de falsas intenções, mascarada por sorrisos e cínicos abraços e apertos de mão. Uma realidade que nada tem a ver comigo, e da qual não posso lamentar não fazer parte. Pois até agora tenho vivido na ilusão, na ilusão de que somos todos um todo, e que para todos existimos. Mas felizmente o véu foi levantado, e agora a realidade crua e suja está finalmente ao alcance dos meus olhos. Não quero de todo fazer-me passar por superior a esta realidade e muito menos quero ferir suscetibilidades, mas um facto é que rejo a minha vida por princípios que aparentemente ela não mostra seguir. E desta forma, não me posso resignar aos seus caprichos. Não estou de forma alguma a condenar ou a negar a sua existência, principalmente porque partilho o princípio da 'segunda oportunidade' e da 'capacidade de mudança', mas estou sim a afirmar a minha relutância em aderir a este círculo de feras. E por agora, tudo o que posso fazer é aceitar cordialmente a co-existência desta realidade com a minha, e esperar que com o tempo algo mude e as torne compatíveis.
A minha perspectiva mudou nestes últimos dias. Apercebi-me novamente da capacidade que temos de sermos surpreendidos e desiludidos, de sermos cegos e ludibriados. E tive a agri-doce surpresa de me aperceber que, por vezes aqueles que menos esperamos que lá estejam são aqueles que mais perto estão (embora até nos possam parecer muito distantes); e que aqueles cuja presença se calhar nunca chegámos a questionar, nunca sequer lá estiveram. E tudo graças a este inesperado alinhamento de minutos, que proporcionou uma nova e refrescante visão do velho e quotidiano. Nem todos vão perceber este post, outros vão achar que percebem, mas ele é para ser entendido apenas por aqueles que partilharam os seus minutos comigo e cujas explicações dispensam. Resta-me agora agradecer, agradecer a todos aqueles que não se deixaram afastar pela distância imposta, as vezes até por mim, e que apesar de tudo estão lá. E claro, desculpem mais uma vez tudo o que me passou ao lado...

1 comentário:

fotossíntese disse...

Sim, foi uma boa (e necessária) convergência de momentos. A "providência", às vezes, actua de uma maneira engraçada.